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O Jardim de Albérico

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Capítulo 1: O Encontro das Sementes

Albérico era como um pequeno jardim cheio de flores diferentes. Gostava de plantar ideias coloridas: desenhar dragões azuis, colecionar pedrinhas brilhantes, inventar histórias sobre nuvens e brincar de arqueólogo no quintal. Seus amigos João e Maria Clara sempre vinham regar seu jardim com risadas e brincadeiras compartilhadas.

Um dia, chegou à escola um menino novo chamado Bruno. Ele tinha um sorriso que parecia uma chave dourada, capaz de abrir qualquer porta. Bruno se aproximou de Albérico durante o recreio.

— Você gosta dessas coisas de criança pequena? — perguntou Bruno, apontando para os desenhos de dragões no caderno de Albérico. — Eu conheço coisas muito mais interessantes.

Albérico sentiu uma pequena semente de curiosidade brotar em seu peito.

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Capítulo 2: A Sombra Que Cresce

Bruno tinha uma forma especial de falar. Suas palavras eram como fios de seda que envolviam Albérico suavemente, fazendo-o esquecer de suas próprias cores.

— Os meninos legais não brincam disso — dizia Bruno, sempre com aquele sorriso de chave dourada. — Vem, eu te ensino o que é realmente divertido.

Aos poucos, as flores do jardim de Albérico começaram a murchar. Ele parou de desenhar dragões azuis e passou a copiar apenas os desenhos que Bruno aprovava. Suas pedrinhas brilhantes ficaram esquecidas numa gaveta, porque Bruno dizia que eram "coisas de bebê".

João e Maria Clara tentavam se aproximar, mas Albérico parecia estar dentro de uma bolha transparente. Ele só conseguia escutar a voz de Bruno, como se fosse a única música no mundo.

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Capítulo 3: O Espelho Embaçado

Em casa, Ana e Roberto, os pais de Albérico, notaram que seu filho estava diferente. Era como se alguém tivesse passado um pano embaçado no espelho da personalidade dele.

— Albérico, você não quer mais brincar de arqueólogo? — perguntou Ana, segurando a pequena pá que ele tanto amava.

— Isso é coisa de criança — respondeu Albérico, repetindo as palavras que não eram suas, como um eco distante.

Roberto e Ana se entreolharam preocupados. O jardim do filho estava ficando cinza, perdendo suas cores próprias. À noite, conversaram em voz baixa sobre uma mudança de escola, como quem pensa em transplantar uma flor para um solo mais saudável.

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Capítulo 4: A Tempestade Interior

Um dia, durante o recreio, João tentou mostrar a Albérico uma nova pedrinha que havia encontrado - brilhava como uma estrela pequenina.

— Albérico, lembra quando procurávamos tesouros juntos? — perguntou João, com os olhos cheios de saudade.

Por um momento, algo se mexeu no jardim interno de Albérico. Uma florzinha teimosa tentou levantar a cabeça, mas logo Bruno apareceu.

— Que bobagem é essa? — disse Bruno, e sua voz foi como uma sombra fria cobrindo a pequena flor. — Vamos fazer algo de verdade interessante.

Albérico sentiu o peito apertado, como se duas sementes diferentes estivessem brigando dentro dele para crescer.

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Capítulo 5: O Despertar das Raízes

Uma tarde, Albérico estava sozinho em seu quarto quando encontrou seus desenhos antigos de dragões azuis. Ao tocar no papel, sentiu algo estranho - como se suas próprias raízes, que estavam dormindo, começassem a se mexer debaixo da terra.

Pela primeira vez em semanas, Albérico se perguntou: "Por que parei de gostar das coisas que me faziam feliz?"

Era como se um raio de sol tivesse furado as nuvens pesadas em seu jardim interno. Ele percebeu que havia esquecido o som da própria voz, sempre cobertas pelos ecos de Bruno.

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Capítulo 6: A Conversa das Flores

Naquela noite, Albérico procurou seus pais. Seus olhos estavam diferentes - como se a névoa estivesse se desfazendo.

— Mamãe, papai... eu acho que me perdi — disse ele, com a voz pequena mas verdadeira.

Ana abraçou o filho, sentindo que o jardim dele estava tentando florescer novamente.

— Às vezes, meu amor, conhecemos pessoas que são como ventos muito fortes. Elas não fazem por mal, mas sopram tão forte que fazem nossas próprias flores se curvarem até esquecerem para onde crescer — explicou Roberto.

— Mas eu gostava das minhas flores — sussurrou Albérico.

— E elas ainda estão lá, esperando você regar de novo — sorriu Ana.

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Capítulo 7: O Replantio

Albérico não mudou de escola, mas seus pais conversaram com a professora Carla sobre a situação. Ela, sábia como uma jardineira experiente, começou a criar momentos para que Albérico redescobrisse suas próprias cores.

Aos poucos, Albérico aprendeu a escutar sua voz interior novamente. Voltou a desenhar dragões azuis, mas agora também sabia quando dizer "não" para as sementes que não queria plantar em seu jardim.

Bruno continuou sendo seu amigo, mas Albérico descobriu que amizade de verdade é como uma dança onde os dois parceiros se movem - não um seguindo sempre o outro como uma sombra.

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Capítulo 8: O Jardim Colorido

Alguns meses depois, o jardim de Albérico estava mais bonito do que nunca. Tinha suas flores antigas e algumas novas também - mas todas escolhidas por ele mesmo.

João e Maria Clara voltaram a brincar com ele, e até Bruno aprendeu a respeitar os diferentes tipos de flores que cada um cultivava.

Albérico descobriu algo muito importante: cada pessoa é um jardim único, e a amizade mais bonita acontece quando os jardins conversam entre si, sem que um tente cobrir o outro com sua sombra.

E sempre que via uma criança perdendo suas próprias cores, Albérico lembrava dela que todo jardim tem suas flores especiais - basta ter coragem de deixá-las crescer.

"Às vezes precisamos nos perder um pouco para aprender a encontrar nosso próprio caminho."

FIM.

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